A teoria do Fantástico

Como primeiro post, resolvi falar um pouco do “Fantástico”, que constitui parte do nome do nosso blog. Deixarei o “Labirinto” para outro post, já que o mesmo só tem razão de ser em conjunto com o “Fantástico” e após o post sobre o mesmo.


Tema pantanoso para começar, chega a ser perigoso e arriscado, mas não consigo vislumbrar outra forma de começar. Aliás, é até um desafio conseguir mostrar um pouco deste tema, a quem não o conhece muito bem, ou não o conhece de todo. Mas se por alguma infeliz coincidência de palavras ou de gramática dei a entender que entendo profundamente do tema, peço desculpa. Não quero ser culpado de tal arrogância. Gostaria no entanto de partilhar a minha experiência, ou passagem se quiserem, sobre o tema.


O facto de não se estar familiarizado com o tema, não significa que ele não esteja presente muitas vezes e em muitas situações. Este é um ponto, que poucos se apercebem. Muitos podem usar o chamado xxxxxxxx xxxxxxxxxx, mas não o sabem. Mas atenção, não são assim tantos que usam o xxxxxxxx xxxxxxxxxx, sem saberem… Não faço a mais pequena ideia de quantas pessoas o usam, mas não creio que sejam muitas. Ainda menos serão aqueles que usam o xxxxxxxx xxxxxxxxxx conscientemente. Não te preocupes com o devia estar no lugar dos x’s, o que interessa é a ideia por detrás do texto visível.


”Uma vez tive um sonho… Sonhava que corria numa planície… Corria de olhos completamente vendados. Ouvia e sentia muitos outros a correr a meu lado. Não corriam mais depressa nem mais devagar do que eu. De repente sinto alguém a agarrar-me violentamente e caio desamparado no chão. Tiro a venda para ver o que tinha acontecido. Ainda no chão, olho em volta e vejo milhares de pessoas a correrem num compasso controlado, todas elas com vendas, todas elas a correrem em direcção a um precipício que se encontrava mais á frente. Levanto-me e tento parar as pessoas que passam mais próximo de mim. Algumas caem mas levantam-se e continuam como se nada tivesse acontecido. Os poucos que ficam caídos e tiram a venda, tentam ajudar-me na minha demanda infortunada, mas também com pouco sucesso. E de seguida acordei, completamente aterrado pela visão que acabara de ter.”


E como é que o xxxxxxxx xxxxxxxxxx se encaixa no texto acima? Isso é algo que deixarei á imaginação de cada um, mas não sem antes deixar mais algumas palavras sobre o xxxxxxxx xxxxxxxxxx.


Todos nós, sem excepção ao nascermos trazemos as nossas funções básicas de sobrevivência. Tudo o resto é ensinado pela sociedade em que vivemos. Tudo, desde o comportamento á forma de pensar e de ver o mundo, tem como base a sociedade onde nascemos. O que eu proponho aqui é que cada um que quiser “tirar a venda” se esqueça dos “óculos sociais” que lhe foram colocados á nascença pela sociedade respectiva. Tudo deve ser visto sem preconceitos de quaisquer espécie, sem dogmas, sem ideias preconcebidas e recebidas dos avós dos nossos avós. Apenas as mentes que compreenderem a vida sem a nossa sociedade, entenderão a vida e a própria sociedade.


Vamos fazer um pequeno exercício juntos. Vamos esquecer temporariamente tudo o que nos foi ensinado, tudo o que nos foi mostrado, tudo o que nos dizem e vendem diariamente. Todas as ideias preconcebidas, todas as dúvidas e todas as questões. Neste momento apenas sentimos os nossos instintos mais básicos. Encontramo-nos no cimo da montanha a observar o mundo. Não conhecemos nada. Somos inundados por um sem número de sensações primárias e primitivas, desde o ar fresco e puro da montanha, até ao sol que nos enche o espírito. Pois bem, se neste momento te for mostrado algo, esse algo terá obrigatoriamente um aspecto diferente do que teria antes de teres chegado a esta montanha, já que neste momento deixaste os “óculos sociais” para atrás, e podes ver pela primeira vez o mundo pelos teus próprios olhos. Pela primeira vez experimentaste o ponto de partida para entrar no mundo do xxxxxxxx xxxxxxxxxx.


Creio que neste momento, conseguirás entender o significado do sonho que descrevi acima. Se o conseguires encaixar nalguma situação da tua própria vida, posso-te dizer com agrado, bem vindo ao mundo do Realismo Fantástico.

1 comentário:

Jovenitto disse...

Um bom exemplo da "moldagem" a que somos sujeitos pela sociedade é uma experiência efectuada por alguns cientistas (peço-lhes desculpa, mas sinceramente não sei os nomes), que envolvia um grupo de macacos numa jaula, um escadote e uma banana pendurada, de modo a que, qualquer macaco que quisesse a banana, teria de subir o escadote. Mas, cada vez que um dos macacos tentasse subir ao escadote, todos os macacos na jaula sofriam uma descarga eléctrica.

Não demorou muito até que os próprios macacos começassem eles mesmos a bater naquele que tentava subir o escadote.

Quando este hábito se tornou evidente, os cientistas começaram a substituir, um a um, os macacos.
Cada novo habitante tentava imediatamente subir ao escadote para chegar à banana, mas em vez de apanhar a banana, apanhava porrada dos outros que já sabiam o que ia acontecer.

Depois de algumas substituições, dentro da jaula já não havia nenhum dos macacos do lote original, nenhum deles tinha levado choques eléctricos na vida, mas continuavam a bater em qualquer um que tentasse subir o escadote.

Se pudessemos perguntar a um dos macacos (ou melhor, se ele pudesse responder) porque é que ele fazia isso, ele iria dizer: "Não sei, isto sempre foi assim."

Ou seja, todos os membros desta "sociedade" experimental agiam de uma certa maneira, simplesmente porque "sempre foi assim".

Sem nos conseguirmos abstrair da sociedade e das tais ideias dos preconceitos e dos dogmas, que nos são fornecidos e alimentados à força, sem se saber muito bem porquê, nunca vamos conseguir perceber o que está por trás, a razão, a origem, e nunca vamos conseguir pensar por nós próprios... vai ser tudo filtrado, escolhido, formatado pelos "óculos sociais".