Coisas que me fazem confusão à cabeça - Vol.III

Os "papa-reformas"

Para quem não sabe, os "papa-reformas" são aqueles carritos minúsculos que os velhotes compram, e que não é preciso carta para conduzir. São assim denominados, porque são muito caros, e quem os compra gasta a reforma toda nas prestações.

E o que é que me faz confusão nestes pequenos automóveis?
O facto de NÃO SEREM AUTOMÓVEIS! Claro que têm 4 rodas, um volante, um motor, portas, espelhos, e fazem (mais ou menos) o mesmo que um carro. Mas isso não faz deles carros.

Aquelas amostras de veículo automóvel são simplesmente uma maneira de manter os idosos na estrada, quando já não têm capacidades físicas nem mentais para o fazer.
Se é feito para andar na estrada, o condutor tem de estar habilitado a isso. E, neste caso, a maior parte das vezes não está. O que sabem do Código da Estrada está desactualizado pelo menos umas dezenas de anos (ainda param dentro das rotundas, por exemplo), e não reconhecem uma pessoa que esteja a falar com eles a meio metro, como é que esperam comportar-se na estrada, quando "boa visibilidade" se considera 30 metros?

E o motor é tão pequeno, primeiro para dar a volta à lei (para poder ser conduzido sem carta de veículos classe B), e segundo, porque se fosse só um pouco mais potente, arrancaria a tão bonita (ou não!) carroçaria de fibra de vidro só com a força da aceleração!

Outra questão é a segurança. Que sistemas de segurança estão incluídos naqueles veículos? ABS? Airbags frontais, laterais, etc.? Tá bem, tá.
Se fizessem um crash-test a uma coisa daquelas, obteriam um motor minúsculo embrulhado em camadas de fibra de vidro, com o boneco lá dentro, tal e qual prenda de Natal.
Há uns dias, vi um destes "papa-reformas", com a frente desfeita. Ou seja, quase de certeza, enfiou-se na traseira de algum carro. "Luzes vermelhas? Por acaso até vi, sim, mas pensei que fosse da minha vista... sabe, ela já não é o que era!"

E, para chatear ainda mais, estes meios de transporte ocupam praticamente metade de uma via, o que torna a ultrapassagem numa estrada com uma via para cada sentido, uma impossibilidade matemática em hora de ponta. Ou seja, filas e mais filas a andar a 30 Km/h, porque o Sr. Acácio (nome fictício) decidiu ir comprar um pacotinho de manteiga ao supermercado, ou ir ao sapateiro para pôr umas capas novas no seu par de sapatos favorito.

Portanto faço aqui um apelo.
Srs. Idosos: Se já não têm a mobilidade, visão e reflexos para andarem com um carro a sério, não comprem carros de brincar. Não gastem a vossa reforma à toa: comprem o passe, que é mais barato.


P.S.: Tenho de deixar aqui uma palavra de apreço a todos os bonecos dos crash-test espalhados pelo mundo, que todos os dias arriscam a sua vida pela segurança de pessoas que nunca virão a conhecer.

Rabiscos - As Linhas de Nazca

Não quero interromper as dissertações sobre a igreja, mas também não quero que este blog se torne num local só para dizer mal de todas as religiões. Não me percebam mal, se um blog fosse inicado com esse propósito, de certeza não lhe faltariam posts e comentários durante muitos anos. Portanto, vou-me desviar um pouco dessa linha, para apresentar uma característica do nosso planeta fantástico. Podem continuar a dizer mal (ou bem!) de todas e quaisquer religiões (ou de outra coisa qualquer), a partir do momento que terminarem de ler este post. :)

No deserto de Nazca, no Perú, na zona entre as cidades de Nazca e Palpa, foram encontradas imagens gravadas no solo (o termo técnico é geoglifos), cuja construção data entre 200AC e 700DC, pelos índios Nazca. Existem centenas de figuras individuais, tão simples como linhas ou tão complicadas como animais estilizados, entre os quais, beija-flor, aranhas, macacos, tubarões e lagartos.

Usando equipamento simples de medição e escavação, os índios retiraram a gravilha coberta por óxido de ferro, que forra a superfície do deserto de Nazca. Ao fazerem isso, expõem a terra de cor clara, obtendo assim o contraste necessário para que essas figuras se vejam.

O mistério não é "onde", nem "quem", nem "quando", nem "como"... é o "porquê".

A grande particularidade destas figuras é que são todas demasiado grandes para que se percebam do solo. Para o comum mortal, as linhas podem ser facilmente confundidas com simples "estradas" de terra batida. A área onde estas linhas se encontram tem aproximadamente 500Km quadrados, e algumas das figuras chegam a ter 270m de comprimento, o que faz com que sejam apenas perceptíveis do ar.
Não há provas de que os índios Nazca possuissem aeroplanos, para poderem ver as imagens, mas existem teorias sobre uma tecnologia que estaria possivelmente disponível na altura: balões de ar quente.

Porque é que os índios Nazca fizeram estas imagens?

Algumas das hipóteses incluem:
  • Religião I: fazendo imagens que só os deuses no céu pudessem ver. Foi verificada uma sucessão estranha de eclipses solares totais durante o período de tempo em que as linhas foram criadas. Um eclipse solar total assemelha-se à íris e pupila de um olho.
  • Religião II: como adoração ás entidades "desenhadas", pedindo abundância de água, boas colheitas e/ou protecção.
  • Astronomia: apontando para os locais onde corpos celestes (Sol, Lua, outras estrelas e planetas) apareciam e desapareciam no horizonte. Esta hipótese é considerada pouco provável.
  • Extra-terrestres: Existem ainda outras teorias, mas, uma delas, de certeza a mais radical, admite que as linhas são pistas de aterragem para naves extra-terrestres.
Agora que me pus a pensar nisto, acabou por me ocorrer uma outra explicação, embora menos espampanante, importante e interessante que as anteriores, e é provavelmente por isso que nunca ninguém lhe fez referência. De certeza que não serei a primeira pessoa no mundo a pensar nisso.
Um simples concurso entre os nativos das povoações de Nazca e Palpa, para ver quem consegue fazer o melhor desenho. Com o tempo, os desenhos tornam-se maiores e mais complexos, sempre a tentar fazer melhor que nos anos anteriores (um pouco como o actual Carnaval do Rio de Janeiro). A povoação vencedora teria a honra de ser anfitriã do festival anual (de qualquer coisa à qual se pudesse dedicar um festival, naquela altura: o Sol, a Lua, o início da época de caça, o fim das colheitas...), e os vencidos teriam de sofrer a humilhação de serem os convidados. Tudo se resume a um caso de "a nossa festa é melhor que a vossa".

Nem todas as explicações para o inexplicado têm de ser espectaculares, ou não estariamos nós no mundo do Realismo Fantástico.

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