“É preciso viver, não apenas existir” (Plutarco)



Já há muito tempo que não escrevo nada no blog, o tempo foi tanto, que fui de certa forma “aniquilada” do blog.


Porquê que não tenho escrito nada...acho que ando a gastar muitas energias a “remar contra a maré”.


Andamos por aqui a tentar perceber tudo e mais alguma coisa, o universo, as estrelas, os cometas, os planetas, se existem ou não extraterrestres, e no fundo não entendemos a nossa própria identidade, não entendemos quem somos, como são os outros. O que andamos por aqui a fazer, se temos algum objectivo e se estamos no caminho certo e se existe um caminho.
Tenho passado os últimos meses a maldizer a minha vida, centrada nos meus problemas, e tenho-me esquecido de uma coisa tão importante, VIVER.

Olho à minha volta e vejo mais de 90% das pessoas que me rodeiam, preocupadas com os problemas, a criticar outros, assim como eu tenho feito. A olhar para as vidas de todos com um olhar crítico, a olhar para a própria vida com um olhar cruel. E afinal de contas, o que estou a fazer, e o que andamos todos a fazer, é a perder tempo precioso?


Então, olhando de longe, realmente isto tudo é ridículo, é de rir, o tempo que perdemos com as pequenas coisas, com o absurdo. Mas ao mesmo tempo se tentamos encontrar o nosso “caminho”, e chamado “sentido da Vida” caímos numa rede complexa de perguntas sem resposta.


Se calhar o dito Absurdismo ou Filosofia do Absurdo é uma teoria acertada, se calhar todas as nossas buscas incessantes por um objectivo, por um sentido, por um caminho, estão destinadas a falhar. Se calhar não existe mesmo um objectivo. Se calhar Viver não é mais do que isso mesmo, Viver.


Quando digo viver, não digo existir. Existir só por si é muito pouco.


Viver implica relacionamentos, Existir é apatia, é indiferença, Viver é partilhar, Viver é falar, Viver é escrever sobre coisas que nos inundam a razão de dúvidas, Viver não é esperar pela Morte.


Então se assim é, as coisas que disse em cima que são pequenas, e com as quais perdemos tempo, são as mesmas coisas que nos dão Vida, e são as mesmas coisas a que podemos chamar Viver.
Curioso! Então olhar para a vida dos outros com um olhar crítico e olhar para a nossa com um olhar cruel, maldizer a vida, criticar os outros, viver insatisfeitos, é Viver. São os relacionamentos que temos connosco, com os outros e com o mundo que nos rodeia.


Charlie Chaplin disse "A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe."


Se calhar, quando estamos perdidos nos nossos pequenos grandes problemas, absorvidos pela nossa existência, a achar que tudo corre mal, que não temos saída, quando não vemos nenhuma luz ao fim do túnel, e nos queremos agarrar a alguma coisa superior, devemos afastar-nos, e ver como é engraçada a nossa Vida.


E continuar a vivê-la, a criticar os outros, a maldizer a vida, a desesperar, a chorar como se o mundo fosse acabar e a rir como se não houvesse amanhã.

Isso sim é Viver.

Coisas que me fazem confusão à cabeça - Vol.VI

Festivais de Verão

Se perguntarmos a 100 pessoas, 90% delas dirão que o principal destes festivais é a música.
Para mim, o principal destes festivais é a cerveja.

Tomemos por exemplo, o Optimus Alive 2009 (a acontecer em 9 de Julho deste ano).

O Bom: Metallica vem a Portugal.
O Mau: recuso-me a ir ver.

Depois do ultimo SuperBock SuperRock (onde também vieram os Metallica), tomei a decisão de nunca mais ir a concertos em festivais. Ou é um concerto dedicado, ou então não vou, por muito que isso me custe (vai ser a 2ª vez que não vejo Metallica).

E passo a explicar:

Recuso-me a ir ver concertos (não é só Metallica, mas este é o exemplo) em festivais, pela simples razão que, 90% das pessoas que lá estão, só lá estão pela cerveja.
Para mim, é inadmissível que um verdadeiro fã de Metallica (ou qualquer outro grupo) saia da multidão de "sardinhas em lata" para ir buscar cerveja, e depois, tentar voltar ao mesmo sítio com duas cervejas na mão, elevadas acima da cabeça de toda a gente.

Ou seja: esse tal fã (se pode ser chamado assim, embora eu ache que não), derrama metade da cerveja em cima da cabeça dos outros, e ainda passa o resto do concerto à procura dos amigos. Ainda lhes tenta ligar, mas diga-se de passagem que tentar usar o telemóvel com duas cervejas na mão, no meio da multidão não dá muito jeito... os amigos não ouvem o telemóvel (óbvio!!) e mesmo que atendessem não conseguiriam ouvir-se!

Tirando isto, são os corredores de gente que decidem que têm de atravessar a multidão, são os pseudo-fãs que só cantam o Unforgiven, o Nothing Else Matters, e Enter Sandman, One, Master of Puppets, e quando lhes aparece um Lepper Messiah, Ride the Lightning, ou qualquer coisa um bocadinho mais antiga e menos passada na rádio, ficam a perguntar-se se é uma música do álbum novo...

Só um "áparte":

Na altura do SBSR, existiam uns rumores que os Metallica podiam tocar algumas músicas do Death Magnetic, que ainda estava por sair.
Só pela sonoridade da música, os supostos fãs deviam pelo menos identificar o período que os Metallica atravessavam. É impossível pensar que, por exemplo, um "My Friend of Misery" fizesse parte do "Kill'em All", do "And Justice for All", do "Load", ou do "Saint Anger", ou colocar o "Some Kind of Monster" no "Ride the Lightning".

O próprio "Death Magnetic", que supostamente é um retorno ao som inicial dos Metallica, é muito diferente, embora haja algumas parecenças, como por exemplo as mudanças de ritmo no meio das músicas.


Como não tenho paciência para aturar esta gente, recuso-me.
E ainda por cima, os bilhetes são caros demais para me chatear com isso.


Só mais uma achega:

Penso mais ou menos o mesmo em relação ao cinema: detesto as pitas que não se calam nem largam o telemóvel sempre a apitar com sms, os 2 ou 3 amigos na fila mesmo atrás que tentam fazer o relato do filme e o que acham que vai acontecer (ou o que sabem que vai acontecer, pois já é a 2ª vez que estão a ver o filme) á medida que a acção se desenrola, e a besta que está sentada ao lado que só falta esticar os pés para cima do banco da frente...

O cinema já é caro, não tenho de ter de aguentar gente estúpida que não tem mais nada que fazer que estragar o filme aos outros.
Dou por mim a fazer mais 20 ou 30 Km (de bom grado!) para ir ver um filme ao Freeport (as sessões às 21h30 normalmente têm 20/30 pessoas na sala), do que aguentar salas cheias no Rio Sul Shopping, Fórum Almada, Colombo, etc.


Voltando aos concertos: Quando for ver Metallica, é porque é um concerto de Metallica, e não um festival de bebida onde a música não passa de um engodo para atrair as pessoas e assim vazar os barris de cerveja (aos milhares!).

Quem gosta de beber, que se fique pelas tascas, e deixe a música para quem gosta de música.

Embora eu pareça um pouco ríspido, não estou a direccionar esta crítica a ninguém em especial, é só o que senti da última vez que fui a um festival.
E fico um pouco aborrecido quando não consigo ver e apreciar as minhas bandas favoritas, por causa de pessoal que não tem nada na cabeça.

Primeiro Natal no Labirinto do Fantástico


Pois é, meus amigos, o Natal está a chegar, mais uma vez...

Tão inevitavelmente como o Sol nasce e se põe todos os dias, a cada vez que se contam 365 ciclos iguais, aparece o Natal, com as árvores decoradas, prendinhas, centros comerciais a abarrotar de gente, filas para tudo e mais alguma coisa... enfim, o normal.
Daqui só se pode concluir que, se até às 23h59 de amanhã, dia 24 de Dezembro, o Sol explodisse ou simplesmente decidice ir dar uma volta pela galáxia (um bocado ao género do Espaço 1999, mas esse foi com a Lua), não teriamos mais dias nem noites, e iria demorar uns tempos valentes até chegar o dia 25 de Dezembro.


Seria o "Espaço 2008: A sequela! ...ela! ...ela! ...ela!" (efeito espectacular de um eco, especialmente se tiverem com uns auscultadores 5.1 na cabeça quando lerem o título), onde acompanhariamos semanalmente as aventuras dos habitantes da colónia solar, e os seus encontros imediatos com seres de planetas distantes, tão estranhos como misteriosos, enquanto tentavam alterar a rota do Sol para voltar a ser orbitado pela Terra, e devolver o Natal a todos os meninos do Mundo. Grande Série.
Ou então, toda a colónia solar arderia em 2 segundos pelo calor em agonia extrema, contando que conseguiam de facto aterrar (ou será que é "assolar"?), ou seja, temos nas nossas mãos o conceito do mais curto e mais sangrento, e por isso o melhor, reality show de sempre.

Bem, o melhor é deixar de dizer parvoíces, e desejar Bom Natal a todos (contando que o Sol não se vai embora...).

Em tom de despedida, deixo aqui um verso alusivo ao Natal, na "voz" de Rouxinol Faduncho (que vou tentar reproduzir através de acentuação exagerada), que, de tão estranho e caricato que é (quem, no seu perfeito juízo, faz músicas inteiras sobre cães de loiça???), merece aparecer neste Blog. Pensem num Jingle Bells com letra diferente.

"É Nátál, É Nátál,
E os pórtugueses
Óferécem peugos brancos
e vão ás lójas dos chineses..."


BOM NATAL!!!

Coisas que me fazem confusão à cabeça - Vol.V

Idade para ter filhos

Não é minha impressão, é mesmo verdade. Contando assim de repente, lembro-me de pelo menos 10 casais, que, ou têm filhos com idade inferior a 2 anos, ou estão a tentar ter.
Será que sou o único a tentar remar contra a maré?

Não quero filhos agora, e não sei quando (ou se) os vou querer. Considero o desejo consciente de ter filhos, o acto mais egoísta da humanidade: "eu quero um filho meu, os outros são giros, mas quero um meu, porque eu quero". Eu ficaria bem mais feliz em adoptar uma criança e livrá-la da fome, das doenças e de uma morte prematura, do que, por um simples impulso fisiológico, somar mais um à grande conta mundial.
Mas estou a divagar.

Voltando ao cerne da questão: Chego a pensar que toda a gente tem um calendário que contém todas as decisões importantes da sua vida, para cumprir, e que faz parte das regras de aceitação social. Parece que toda a gente tem conhecimento deste calendário misterioso, pois a clássica pergunta "Então, e filhotes?" é proferida por, a meu ver, demasiada gente para ser coincidência. Começa a ser irritante.
Estarei eu "na altura" de querer ter filhos? Não sei quem distribui esse tal calendário, mas parece que eu não recebi uma cópia...

Uma técnica que me foi dada a conhecer para evitar este tipo de comentários de conformidade social, consiste em responder prontamente à fatídica pergunta, com o melhor ar de angústia que se possa fazer, com a frase "Eu não posso ter filhos..."
Apreciem a reacção, e regozijem-se, pois, dessa pessoa, nunca mais ouvirão a pergunta. Funciona especialmente bem com as velhas coscuvilheiras do bairro.

The Golden Dawn

“Por volta de 1880, em França, na Inglaterra e na Alemanha fundam-se sociedades iniciáticas e ordens herméticas que agrupam poderosas personalidades. A história dessa crise mística pós-romântica ainda não foi escrita. Merecia sê-lo. Ali se encontraria a origem de várias correntes de pensamento importantes e que, por sua vez, determinariam correntes políticas. Nas cartas de Arthur Machen a P.J. Toulet encontram-se duas curiosas passagens.

Em 1899: Quando escrevi Pã e O Pó Branco, não imaginava que acontecimentos tão estranhos alguma vez se dessem na vida real, ou até que jamais fossem susceptíveis de se produzir. Mas depois, e muito recentemente, verificaram-se na minha própria existência experiências que alteraram completamente o meu ponto de vista a esse respeito... De hoje em diante estou convencido de que nada é impossível sobre a Terra. Tenho apenas que acrescentar, acho eu, que nenhuma das experiências que fiz tem qualquer coisa a ver com aldrabices como o espiritualismo ou a teosofia. Mas creio que vivemos num mundo de grande mistério, de coisas insuspeitadas e absolutamente espantosas.


Em 1900: "Uma coisa que pode divertir o meu amigo: enviei O Grande Deus Pã a um adepto, um "ocultista" avançado, que encontrei subrosa! e ele escreveu: "O livro prova bem que, por meio do pensamento e da meditação, mais do que pela leitura, V. Ex.a tem atingido um certo grau de iniciação independente das ordens e das organizações." Quem é esse "adepto"? E quais são essas "experiências"? Noutra carta, após a passagem de Toulet por Londres Machen escreve: "O sr. Waite simpatizou muito consigo, pede-me que envie os seus cumprimentos."


Despertou a nossa atenção o nome desse íntimo de Machen que se dava com tão poucas pessoas. Waite foi um dos melhores historiadores de alquimia e um especialista da ordem de Rosa-Cruz. Tínhamos chegado àquele ponto das nossas investigações que nos esclareciam a respeito das curiosidades intelectuais de Machen, quando um dos nossos amigos nos fez uma série de revelações sobre a existência, em Inglaterra, no final do século XIX e princípio do XX, de uma sociedade iniciática: inspirada na Rosa-Cruz. Essa sociedade chamava-se a Golden Dawn. Era composta por alguns dos espíritos mais brilhantes de Inglaterra. Arthur Machen foi um dos adeptos.


A Golden Dawn, fundada em 1887, era procedente da Sociedade da Rosa-Cruz inglesa, criada vinte anos antes por Robert Wentworth Little, e que angariava partidários entre os mestres mações. Esta última sociedade compreendia 144 membros, entre os quais Bulwer-Lytton, autor de Os últimos Dias de Pompeia.

A Golden Dawn, mais reduzida ainda, tinha como finalidade a prática da magia cerimonial e a obtenção dos poderes e conhecimentos iniciáticos. Os seus chefes eram Woodman, Mathers e Wynn Wescott (o "iniciado" de que Machen falava a Toulet na sua carta do ano de 1900). Ela estava em contacto com sociedades similares alemãs de que mais tarde se encontrarão certos membros no famoso movimento de antroposofia do período pré-nazi. Viria a ter como mestre Aleister Crowley, um homem absolutamente extraordinário e com certeza um dos maiores espíritos do neopaganismo de que seguiremos a pista na Alemanha. Ele viria a publicar essas revelações nos números 2 e 3 da revista La Tour Saint Jacques, em 1956, sob o nome de Pierre Victor: L'ordre hermétique de la Golden Dawn.


S. L. Mathers, após a morte de Woodmann, e a retirada de Wescott, foi o grande mestre da Golden Dawn, que governou durante algum tempo de Paris, onde acabava de desposar a irmã de Henri Bergson. Mathers foi substituído na direcção da Golden Dawn pelo célebre poeta Yeats, que mais tarde viria a receber o Prémio Nobel. Yeats tomou o nome de Irnzão Diabo é Deus Inversus. Presidia às sessões de kilt escocês, mascarado de preto e com um punhal de ouro à cintura. Arthur Machen tomara o nome de Filus Aquartá. Havia uma mulher filiada na Golden Dawn: Florence Farr, directora de teatro e amiga íntima de Bernard Shaw. Ali se encontravam também os escritores Blackwood, Stoker, o autor de Drácula, e Sax Rohmer, assim como Peck, o astrónomo real da Escócia, o célebre engenheiro Allan Bennett e sár Gerald Kelly, presidente da Real Academia. Segundo parece, esses espíritos de élite foram marcados de forma indelével pela Golden Dawn. Como eles próprios confessaram, a visão que tinham do mundo foi alterada e as práticas às quais se entregaram não deixaram de lhes parecer eficazes e exaltantes.”


In "Despertar dos Mágicos" de Jacques Bergier & Louis Pauwels, pág. 141 e 142

Coisas que me fazem confusão à cabeça - Vol. IV

As redes sociais

Um dos grandes flagelos da sociedade. Quem nunca ouviu as palavras Hi5, MSN, Orkut?

Para que é que estas redes proliferam? Será que os jovens de hoje têm tanta coisa importante a dizer, que os tempos entre e após as aulas e os períodos de férias não são suficientes?

Na minha opinião, só existem por uma questão de competitividade, para, no fim de contas, ver quem tem mais "amigos". Na faixa etária mais activa nestas redes (14 aos 18 anos), o que conta é a popularidade, tal e qual como contava quando andávamos nós próprios na escola, mas levado ao extremo que a Internet permite, com 600 "amigos" dos quais não se sabe nada para além de uma foto e do comentário "És muita gira! Obrigado por me adicionares".

O problema é que, na Internet, a liberdade é tanta, que nada obriga uma pessoa a ser verdadeira naquilo que diz e/ou faz online.
Ou seja, as redes sociais tornam-se o local ideal para a mentira, o engano e a falsidade. Basta ver quantas pessoas têm associado ao seu perfil uma fotografia da própria pessoa. O meu palpite é de cerca de 10%.

E não vamos começar a falar do grau de anonimato que este tipo de situações proporciona a pessoas mal intencionadas (pedófilos, violadores, burlões de todos os tipos... enfim, como vemos todos os dias nas notícias).

Ou seja, 90% dos "amigos" das redes sociais são "anónimos-populares". Toda a gente os conhece, mas ninguém os conhece realmente.

E quem nunca viveu sem Internet (ou seja, qualquer pessoa com menos de 18 anos) tem uma terrível falta de raciocínio quando por alguma razão não há Internet.
"Não posso fazer os trabalhos da escola porque não tenho Internet para pesquisar", "Não sei como hei-de acabar o trabalho porque é a «Maria» que tem o ficheiro no computador, mas está com problemas na Internet e não me consegue mandar o ficheiro", etc.

Vou aqui prestar um serviço público aos mais jovens, que se deparam com estas situações (ou outras semelhantes).
Meus amigos, antes da Internet, a melhor maneira de obter conhecimento era nuns edifícios onde se guardavam uns montes de folhas de papel (inventado pelos chineses, no século II antes de Cristo), aos quais se chamam livros, normalmente organizados por temas e ordem alfabética em prateleiras. Curiosamente, alguns desses edifícios, frequentemente referidos como bibliotecas, sobrevivem nos dias de hoje, e, se procurarem na Internet com afinco, de certeza que ainda encontram a morada de uma perto de vossa casa.

E, se a montanha não vem a Maomé, Maomé vai à montanha. De certeza que, se a «Maria» está na mesma escola, não deve morar muito longe. Se são capazes de perceber como funciona um computador, não devem ter problemas em interpretar o horário dos autocarros.

Deixem-se disso, vão para a rua brincar às escondidas, ou à apanhada, ao berlinde, à carica, ao pião, jogar à bola, andar de skate ou de bicicleta, ou aquilo que vocês quiserem... e se os vossos pais não vos deixarem, lembrem-nos que eles fizeram o mesmo quando eram da vossa idade e não morreram por causa disso.

A Internet, a Liberdade e o controlo sobre as massas

Já é um lugar comum dizer que a Liberdade hoje em dia é quase total, aparte de estar evidentemente limitada pela Lei, e bem já que o ser humano não consegue viver sem regras, é algo que não se pode negar. Todos nós, mesmo povos que vivem em regimes políticos totalitários , tem uma liberdade muito mais alargada devido maioritariamente á Internet. A Internet é sem dúvida alguma, um dos maiores ícones da Liberdade, mesmo que o seu criador (Tim Berners-Lee) não tenha tido qualquer intenção de o fazer. Absolutamente qualquer pessoa pode colocar a sua opinião on-line. Desde o mais humilde do homens até á mais brilhante das mentes. Encontra-se de tudo na Internet. Desde sítios pessoais sobre a vida de um determinado desconhecido, passando por Blogs, até ás tão em voga “redes sociais”, etc, etc, etc.


Pequena nota (e única sobre o tema):

Confesso que tenho uma especial antipatia por essas “redes sociais”. Penso que ninguém faz a mais pequena ideia da utilidade das mesmas. Nem os seus utilizadores, nem mesmo os seus criadores. No entanto o número de utilizadores registados é surpreendentemente e assustadoramente alto. O que procuram nessas “redes”? Fazer amizades? Socializar? Sexo? Não entendem o quanto ridículo é oferecer amizade/sexo por catálogo on-line? Muitos desses utilizadores registados, são capazes de por exemplo, ver uma pessoa na rua a ter um ataque cardíaco e não fazer absolutamente nada e no entanto tem centenas de “amigos” na Internet. São capazes de ignoram por completo o vizinho que por acaso até costuma ser simpático, mas tem centenas de comentários na sua página da “rede social” a dizer o quanto especial é. Reagem mal, ou deverei dizer extremamente mal, quando no trânsito alguém lhes chama á atenção, buzinando, porque quase provocaram um acidente no cruzamento anterior devido ao egocentrismo, e depois escrevem na sua página dizendo o quanto é difícil falar sobre si mesmo, mas lá vão dizendo que é uma pessoa simpática, educada, tolerante, não se interessa por política, odeia racismo, enfim, brilhante, como tantas outras que “vendem” a sua imagem na internet!

Mas foi apenas um pequeno desabafo, já que não tenciono perder o meu tempo a pensar e escrever sobre as ditas “redes sociais” (para não lhes chamar de outra coisa).


Seguindo o raciocínio do inicio deste texto, qualquer pessoa pode ter a sua opinião publicada na rede global, seja num blog ou sítio pessoal. Até na China, onde se fecham centenas de blogs e páginas todos os dias, devido á censura, a liberdade nunca foi tão abrangente. Se hoje o governo chinês fechar uma página, amanhã surgem duas outras sobre o mesmo tema. Se hoje o governo chinês bloquear um site estrangeiro, amanhã os chineses já descobriram mais dez sobre o mesmo tema. É uma luta perdida para qualquer inimigo da Liberdade. Por mais que se tente fazer o contrário, as pessoas estão a habituar-se cada vez mais a expressarem a sua opinião e a absorver e a interpretar opiniões de outros na Internet.


Provavelmente isto não é novidade para ninguém. Mas veja-se o seguinte, antes de haver Internet, quem eram as pessoas que tinham direito a publicar a sua opinião e leva-la ás massas? Jornalistas, escritores, políticos, intelectuais, etc. Mas ainda assim, o número de pessoas era extremamente limitado. O comum dos mortais não tinha a mínima hipótese de se expressar de forma a chegar a tantas pessoas como os primeiros que aqui referi. Toda a sociedade era influenciada, para o bem e para o mal, por opiniões de um número pequeno de pessoas. Hoje em dia, a situação é totalmente diferente. A sociedade e os internautas são influenciados tanto pelos mesmos que sempre tiveram "direito" a opinião como por aqueles que agora ganharam esse "direito". Dessa forma, a sociedade está-se a adaptar.


Vivemos hoje em dia uma época de mudança. Mais do que quando surgiu a Internet, agora é a hora em que a mudança está realmente a acontecer. As crianças já crescem com a Internet. Para as crianças de agora, a Internet no futuro quando as mesmas se tornarem adultas será banal. É essa a mudança que falo. Para os adultos de hoje, que cresceram a brincar com os amigos na rua, a Internet é um mundo novo e extremamente interessante. Conseguimos dar mais valor á Internet, porque crescemos num mundo sem a mesma. Percebemos que teve influência sobre a sociedade. Para nós adultos, a Internet é um complemento ás nossas vidas, para as crianças e futuros adultos de amanhã, a Internet é algo essencial que esteve sempre disponível. Para eles é mais natural jogar na Internet do que ir para a rua com os amigos e jogar ás escondidas.


É preciso lembrar que são as crianças de agora e futuros adultos de amanhã que vão “fazer” a Internet do futuro. Hoje a Internet é um universo paralelo, mas interligado ao universo real. É um mundo desresponsabilizante, onde podemos ser quem queremos. É um outro mundo onde se pode ter uma outra vida para além desta. A Liberdade é total e global. Resta saber se os adultos de hoje sabem educar suas as crianças, por forma a prepará-las para as surpresas que este admirável mundo novo vai trazer. Por forma a mostrar-lhes que nem sempre existiu Internet. Para eles perceberem que a verdadeira vida é fora desse mundo virtual. Para terem o mesmo entendimento que nós, adultos, que a Internet é um bónus, e não uma forma de vida.


Lembro-me dos valores de Liberdade que o 25 de Abril trouxe a Portugal. Conheci-os graças aos jornalistas, escritores, pensadores, etc. Com toda a certeza os meus pais não agiram propositadamente ao não me mostrarem Portugal sobre um regime totalitário, opressor da Liberdade. Porém hoje, como já demonstrei anteriormente, não chega que os pensadores de outrora mostrem a sua opinião. Todos nós, que passámos a ter uma opinião que pode chegar ás massas, passámos também a ter responsabilidade sobre o futuro do mundo. Devemos portanto, reflectir sobre tudo o que temos e foi conquistado, demonstra-lo ás nossas crianças, para que também elas ajam no futuro em prol da Liberdade, adquirida como certa, e que tanto nos custou a conquistar.