A Internet, a Liberdade e o controlo sobre as massas

Já é um lugar comum dizer que a Liberdade hoje em dia é quase total, aparte de estar evidentemente limitada pela Lei, e bem já que o ser humano não consegue viver sem regras, é algo que não se pode negar. Todos nós, mesmo povos que vivem em regimes políticos totalitários , tem uma liberdade muito mais alargada devido maioritariamente á Internet. A Internet é sem dúvida alguma, um dos maiores ícones da Liberdade, mesmo que o seu criador (Tim Berners-Lee) não tenha tido qualquer intenção de o fazer. Absolutamente qualquer pessoa pode colocar a sua opinião on-line. Desde o mais humilde do homens até á mais brilhante das mentes. Encontra-se de tudo na Internet. Desde sítios pessoais sobre a vida de um determinado desconhecido, passando por Blogs, até ás tão em voga “redes sociais”, etc, etc, etc.


Pequena nota (e única sobre o tema):

Confesso que tenho uma especial antipatia por essas “redes sociais”. Penso que ninguém faz a mais pequena ideia da utilidade das mesmas. Nem os seus utilizadores, nem mesmo os seus criadores. No entanto o número de utilizadores registados é surpreendentemente e assustadoramente alto. O que procuram nessas “redes”? Fazer amizades? Socializar? Sexo? Não entendem o quanto ridículo é oferecer amizade/sexo por catálogo on-line? Muitos desses utilizadores registados, são capazes de por exemplo, ver uma pessoa na rua a ter um ataque cardíaco e não fazer absolutamente nada e no entanto tem centenas de “amigos” na Internet. São capazes de ignoram por completo o vizinho que por acaso até costuma ser simpático, mas tem centenas de comentários na sua página da “rede social” a dizer o quanto especial é. Reagem mal, ou deverei dizer extremamente mal, quando no trânsito alguém lhes chama á atenção, buzinando, porque quase provocaram um acidente no cruzamento anterior devido ao egocentrismo, e depois escrevem na sua página dizendo o quanto é difícil falar sobre si mesmo, mas lá vão dizendo que é uma pessoa simpática, educada, tolerante, não se interessa por política, odeia racismo, enfim, brilhante, como tantas outras que “vendem” a sua imagem na internet!

Mas foi apenas um pequeno desabafo, já que não tenciono perder o meu tempo a pensar e escrever sobre as ditas “redes sociais” (para não lhes chamar de outra coisa).


Seguindo o raciocínio do inicio deste texto, qualquer pessoa pode ter a sua opinião publicada na rede global, seja num blog ou sítio pessoal. Até na China, onde se fecham centenas de blogs e páginas todos os dias, devido á censura, a liberdade nunca foi tão abrangente. Se hoje o governo chinês fechar uma página, amanhã surgem duas outras sobre o mesmo tema. Se hoje o governo chinês bloquear um site estrangeiro, amanhã os chineses já descobriram mais dez sobre o mesmo tema. É uma luta perdida para qualquer inimigo da Liberdade. Por mais que se tente fazer o contrário, as pessoas estão a habituar-se cada vez mais a expressarem a sua opinião e a absorver e a interpretar opiniões de outros na Internet.


Provavelmente isto não é novidade para ninguém. Mas veja-se o seguinte, antes de haver Internet, quem eram as pessoas que tinham direito a publicar a sua opinião e leva-la ás massas? Jornalistas, escritores, políticos, intelectuais, etc. Mas ainda assim, o número de pessoas era extremamente limitado. O comum dos mortais não tinha a mínima hipótese de se expressar de forma a chegar a tantas pessoas como os primeiros que aqui referi. Toda a sociedade era influenciada, para o bem e para o mal, por opiniões de um número pequeno de pessoas. Hoje em dia, a situação é totalmente diferente. A sociedade e os internautas são influenciados tanto pelos mesmos que sempre tiveram "direito" a opinião como por aqueles que agora ganharam esse "direito". Dessa forma, a sociedade está-se a adaptar.


Vivemos hoje em dia uma época de mudança. Mais do que quando surgiu a Internet, agora é a hora em que a mudança está realmente a acontecer. As crianças já crescem com a Internet. Para as crianças de agora, a Internet no futuro quando as mesmas se tornarem adultas será banal. É essa a mudança que falo. Para os adultos de hoje, que cresceram a brincar com os amigos na rua, a Internet é um mundo novo e extremamente interessante. Conseguimos dar mais valor á Internet, porque crescemos num mundo sem a mesma. Percebemos que teve influência sobre a sociedade. Para nós adultos, a Internet é um complemento ás nossas vidas, para as crianças e futuros adultos de amanhã, a Internet é algo essencial que esteve sempre disponível. Para eles é mais natural jogar na Internet do que ir para a rua com os amigos e jogar ás escondidas.


É preciso lembrar que são as crianças de agora e futuros adultos de amanhã que vão “fazer” a Internet do futuro. Hoje a Internet é um universo paralelo, mas interligado ao universo real. É um mundo desresponsabilizante, onde podemos ser quem queremos. É um outro mundo onde se pode ter uma outra vida para além desta. A Liberdade é total e global. Resta saber se os adultos de hoje sabem educar suas as crianças, por forma a prepará-las para as surpresas que este admirável mundo novo vai trazer. Por forma a mostrar-lhes que nem sempre existiu Internet. Para eles perceberem que a verdadeira vida é fora desse mundo virtual. Para terem o mesmo entendimento que nós, adultos, que a Internet é um bónus, e não uma forma de vida.


Lembro-me dos valores de Liberdade que o 25 de Abril trouxe a Portugal. Conheci-os graças aos jornalistas, escritores, pensadores, etc. Com toda a certeza os meus pais não agiram propositadamente ao não me mostrarem Portugal sobre um regime totalitário, opressor da Liberdade. Porém hoje, como já demonstrei anteriormente, não chega que os pensadores de outrora mostrem a sua opinião. Todos nós, que passámos a ter uma opinião que pode chegar ás massas, passámos também a ter responsabilidade sobre o futuro do mundo. Devemos portanto, reflectir sobre tudo o que temos e foi conquistado, demonstra-lo ás nossas crianças, para que também elas ajam no futuro em prol da Liberdade, adquirida como certa, e que tanto nos custou a conquistar.


1 comentário:

Jovenitto disse...

É como dizes.
Os países "censurados" descobriram que podem de facto ter voz activa, e é isso que estão a tentar fazer. Quem o tenta impedir está a travar uma batalha perdida, só ainda não se apercebeu disso.
Nesta época de globalização, consciência mundial, etc., todos querem ter o mesmo que os outros. E acho que merecem tanto o direito à liberdade de expressão como eu ou o leitor, ou não seríamos nós habitantes do mesmo planeta.

O que me leva às "redes sociais". Leiam o meu post sobre o assunto.