Pequeno ensaio sobre religião

Como não podia deixar de ser, neste primeiro ensaio sobre a religião tentarei descrever parte da minha visão sobre a Igreja Católica. E não quero com isto descriminar as outras religiões, já que todas tem o seu espaço tanto no mundo como na minha opinião. De qualquer forma quero deixar uma palavra de apreço a todas as outras e dizer que aguardem a sua vez, com serenidade, uma vez que nenhuma delas deverá ter pressa de aparecer aqui neste blog.

Para começar, voltemos então um pouco atrás no tempo, cerca de 2000 anos para ser mais preciso. Estamos no território que hoje é conhecido por Israel, que é dominado pelos Romanos. Romanos esses que vão perdendo o poder de outrora e ficando cada vez mais fracos. Tal como muitos outros povos, o povo Judeu luta para se libertar do Império Romano. Todos os dias surgem profetas judeus. A forma favorita dos Romanos eliminarem estes profetas é a crucificação. São eliminados aos milhares. Os crucificados ficam pregados durante dias, mesmo depois de morrerem. Servem de exemplo para outros que tenham ideias semelhantes. A grande maioria dos profetas trazem consigo um grupo de seguidores desesperados, devido á pobreza, á fome e ao Império Romano, que rege o território utilizando o medo como uma das principais formas de opressão. A forma de vida dos Romanos é insuportável para os Judeus e estes lutam diariamente da forma que conseguem contra a máquina de guerra Romana, sobejamente conhecida em todo o mundo. Os Judeus procuram desesperadamente um ícone, um herói, algo ou alguém em quem pudessem acreditar para os ajudar a suportar a vida no seio do Império Romano. Jesus Cristo surge neste momento. Dotado do dom da palavra, tenta levar as suas ideias a todos os Judeus que se encontram sedentos de uma palavra reconfortante. Porém os Romanos estrangulam este movimento, perseguindo e crucificando muitos dos chamados “cristãos”. Conseguem capturar o seu líder que acaba por morrer na cruz tal como muitos outros profetas. O movimento cristão é praticamente apagado e abafado, tendo ficado apenas algumas memórias de alguns que sobrevivem. Cerca de 120 anos após a morte de Jesus Cristo surgem os primeiros textos sobre o cristianismo. Apenas 120 anos depois são escritas em papiro algumas da ideias originais dos cristãos. Homens comuns que viram nos ensinamentos de Jesus Cristo algo de devia ser recordado. Devido á opressão romana o movimento cristão vai crescendo, sob a forma de libertação, fazendo do criador do movimento, um semi-deus com poderes sobrenaturais, apenas possíveis devido á adulteração da história por muitos anos de desgaste da passagem da palavra de boca em boca, e devido também em grande parte a conveniências politicas de alguns romanos sedentos de poder. O cristianismo cresceu e expandiu-se pelo Império Romano, como uma opção á religião tradicional. Isto apesar de originalmente não se tratar de um movimento religioso, a forma como foi encarado nos séculos seguintes faz com que o movimento passe a ser descrito como religião. Em 380 D.C. o Império Romano é forçado a declarar a Igreja Católica (fundada poucos anos antes) como religião oficinal, onde surge um livro com relatos de vários autores, todos eles escritos entre 150 D.C. e 325 D.C., escolhidos a dedo entre centenas de textos que proliferavam em todo o império. Em 431 o Conselho de Ephesus, declara, e gostava de enfatizar esta palavra, declara, ou seja, decide que, Jesus Cristo é simultaneamente homem e deus.


Voltemos agora ao tempo presente. Passaram-se cerca de dois mil anos desde os acontecimentos que deram origem ao Cristianismo e á Igreja Católica. Se em 400 anos Jesus Cristo, que morreu na cruz como um homem vulgar, passa de homem a deus, imaginem após 2000 anos. Ao livro que foi escrito 350 anos depois da morte de Cristo, chamado de Bíblia, foi acrescentado vários outros textos, sendo inclusivamente alterados alguns dos textos existentes. Ou seja, os ensinamentos de Cristo, passaram de forma de vida, para religião, e finalmente tornaram-se um simples livro… Praticamente todos os ensinamentos originais foram perdidos e ainda assim, muitos deles adulterados. A Igreja Católica é uma instituição religiosa agarrada a verdades adulteradas a seu belo prazer por homens poderosos que se serviram dos ensinamentos cristãos para poderem dominar o Império Romano. Na Idade Média, o objectivo continuava a ser o poder e a ferramenta continuava a ser a religião. Muitos morreram em nome de "deus", na altura da Inquisição Católica, dizem uns Papas e Bispos Católicos sedentos de poder, quando na realidade perderam a sua vida por uma religião condenada á partida.


Ao longo da história humana, muitas foram as religiões e deuses que existiram por esse mundo fora, chegando ao tempo presente apenas algumas dessas religiões. Daqui a 1000 anos, todas as religiões serão versões bastante diferentes daquilo que são hoje. Algumas poderão desaparecer. Algumas poderão ser abafadas por outras. Mas uma coisa é certa, e independentemente da religião, quem ficará no planeta Terra será sempre o Homem e a Natureza… Mas isto é um tema para um próximo post… Em breve poderei mostrar a minha visão sobre a Natureza e o seu real papel na humanidade, papel esse muito mais importante que qualquer crença ou religião.


3 comentários:

Jovenitto disse...

Sinceramente, não sei como é que uma religião que apregoa bondade, ajuda ao próximo e todas essas coisas bonitas, se construiu à custa da tortura e morte de tantos inocentes...
E os seguidores devotos do cristianismo são fanáticos que não acreditam na liberdade de pensamento, que tudo é obra de "Nosso Senhor, Jesus Cristo", e "se sou pobre é porque ele quer", "se vou morrer de cancro, é porque ele quer", e tudo o resto acontece porque deve ter algum significado no grande plano divino.
As beatas (não, não tem nada a ver com cigarros...), que são aquelas velhotas que se vestem de preto porque estão de luto há mais de trinta anos, com o lencinho de renda pela cabeça, que não faltam a uma missa, que se benzem por tudo e por nada, que se acham as mais devotas, são as piores... falam mal nas costas das pessoas, são rancorosas, acham que toda a gente que não segue o mesmo caminho que elas, vai com certeza arder no inferno.
Isto, meus amigos, é Hipocrisia, com "H" grande.
Outra coisa que eu nunca percebi: se (ênfase no "se") Deus é omnipresente, porque raio é que se tem de ir todos os domingos à igreja? Não poderia o mais fiel membro do rebanho adorar o seu Deus no conforto de sua casa?
E vocês não querem que eu comece a falar das riquezas do Vaticano... desmontavam a zona toda, trocavam o ouro por comida e acabavam com a fome mundial. Que tal, para "ajudar o próximo"? É de estranhar que ainda ninguém no Vaticano se tenha lembrado disto...

Para mim, esta religião não faz cá falta nenhuma. Venha a próxima, pode ser que seja um pouco melhor que esta.

P.S.: Sirius, gostei imenso das imagens... :)

Sirius disse...

As imagens são as mais adequadas á religião... Ainda pensei em carneirinhos todos em filinha a seguirem para o matadouro, mas não achei nada...

Sónia disse...

Este é um tema de grande interesse e que eu gostaria de desenvolver com tempo, mas para já vou deixar aqui um singelo comentário que apenas segue o pensamento já descrito.
As crenças são muito antigas, parece que existe uma necessidade intrínseca no Homem de acreditar em algo.
O curioso é as coisas idiotas em que as pessoas acreditam e que as fazem sentir-se bem todos os dias!
Esse senhor Jesus Cristo terá sido o primeiro comunista da história, logo tudo isto não passa de uma questão política. Religião e política andam de mãos dadas desde sempre, portanto a diferença entre ir à igreja ou fazer parte de um partido não é muito grande.
As ideias da religião católica, que para mim são as mais presentes, não vivesse eu em Portugal onde um dos 3 F's é Fátima (Futebol e Fado os outros), não passam de ideias hipócritas. Desde o apregoar ao fazer vai uma diferença tão grande como a que o jovenitto disse sobre o Vaticano. "Ajudar o próximo", deixem-me rir.
Para mim uma pessoa pode perfeitamente praticar o bem, ajudar o próximo, viver em harmonia com a sociedade e ser feliz sem ter de acreditar no que quer que seja a não ser em si mesma.
Na religião vejo mais de chantagem do que de boas acções, vejo mais de ignorância do que de inteligência, vejo mais de castigo do que de motivação, vejo mais de proibições do que de direitos. Afinal é isto que as pessoas querem para si mesmas? Castigo, reprovação, proibições? Já não basta tudo aquilo que a sociedade nos impõe?
Temos de acreditar em nós mesmos e nas nossas energias, a capacidade que cada um de nós tem para melhorar o mundo que nos envolve, para isso não precisamos de acreditar em Deus, Alá, Shiva ou Vishnu.
Em particular a igreja, não passa de um intermediário medíocre entre um Deus e as pessoas. Intermediário esse que distorce todas as ideias boas que poderiam estar por trás da religião.
Mentes podres e pobres que não pensam por eles mesmos, que vivem seguindo um livro/romance, como se de repente nós todos acreditássemos piamente na existência de um mundo como o de Tolkien.
Malta, temos de fazer agora o bem, temos de aproveitar agora para fazer tudo aquilo que queremos, depois pode não haver mais nada, nem céu, nem inferno, nem reencarnação...e depois...passámos a vida a acreditar em algo e a seguir caminhos com um objectivo tão abstracto e tão improvável que perdemos a oportunidade de aproveitar agora. Isto que temos pode não ser a introdução para algo mais, pode ser já o desenvolvimento, e quando se concluir a nossa breve passagem por este mundo, e não houver mais nada, para que andamos aqui nós? Eu digo, não quero viver em função de um lugar no céu, pois quero garantir o meu espaço e sucesso neste lugar que esta terra me deu!
O Futuro é agora! A nossa oportunidade é agora!